14.4.11
A Controversa Escolha
Todas as escolhas podem ser discutidas e a de Nobre também, naturalmente, ainda mais para a posição de cabeça de Lista de candidatos a Deputados por Lisboa, com a possibilidade de ser proposto para o cargo de Presidente da Assembleia da República, no caso de o PSD vir a ser o partido mais votado nas próximas eleições legislativas, único recurso de que este regime dispõe para animar ou entreter civicamente os seus cada vez mais penalizados cidadãos.
Acresce que a real valia política de Nobre na condução dos trabalhos parlamentares está por demonstrar. Uma campanha eleitoral como candidato a Presidente da República, sem apoios partidários, ainda que revele coragem cívica, não prova só por si capacidade política.
Tudo isto pode ser aduzido para questionar a escolha de Nobre, por Passos Coelho, como parece estar a verificar-se no seio das estruturas do PSD, escolha ainda mais controversa pelo lugar cimeiro que lhe foi oferecido. Outra coisa muito diversa é a histeria levantada pelos simpatizantes socialistas de Nobre contra a sua atitude de homem livre, que decide colaborar politicamente com um partido do chamado arco constitucional.
Se a sua inclinação tivesse pendido para o lado socialista acaso se levantaria tanta aparente crispação dos seus antigos apoiantes ?
Não creio que tal viesse a acontecer, a julgar pela frequente duplicidade de critérios que este sector de opinião tem demonstrado.
Mais humildade democrática e maior respeito pelas opções políticas de cada um, eis o que deve recomendar-se a estas almas exaltadas, supostamente socialistas, que melhor fariam em dirigir a sua animosidade para o deprimente espectáculo da repetida entronização do seu querido líder, o improvável socialista José Sócrates, de seu mal honrado, mal empregado nome, que sempre nos leva a hesitar a sua simples menção, pelo respeito que nos merece a memória do digno filósofo grego, imagem revertida de tudo quanto este sócrates indígena representa.
AV_Lisboa, 13 de Abril de 2011
5.4.11
A Negação da Política e a Obsessão de Sócrates
A partidarite é uma espécie de doença degenerativa da vida política, talvez a coisa mais parecida com o fenómeno da clubite, no mundo do Desporto.
Tal como os fanáticos do Futebol, na realidade, não gostam especialmente deste desporto, mas apenas de um facto puro e duro, i.e., querem sempre que o seu clube ganhe, com mérito ou sem ele, com penalties inventados ou forçados, com lisura ou sem ela, também os fanáticos dos Partidos, os seus caciques, os seus dirigentes, maiores e menores, sobretudo, estes, que, na sua grande maioria, por mérito próprio dificilmente ascenderiam a lugares cimeiros da vida política, social ou empresarial.
Também esses deletérios agentes são o veneno da actividade política, nobre em si mesma, saliente-se, porque visa servir a Comunidade.
Até que isto seja comummente entendido, não haverá na Comunidade real possibilidade de regeneração, seja ela económica, política, social ou outra, pelo que, sob tão sinistro influxo, tal Comunidade continuará a degradar-se, a afundar-se, com mais ou menos produção de vozearia e chuva de acusações recíprocas, como ainda há pouco tivemos oacsião de ver exemplo elucidativo, na entrevista falhada do Primeiro-Ministro.
Saliento nela a sua obsessão em atacar todo o tempo o PSD e só este Partido, apesar de os demais partidos terem rejeitado o PEC IV, por ele erigido em derradeiro instrumento de salvação do País, como o haviam sido o III, o II e o I.
Pouco respondeu às perguntas dos jornalistas, que me pareceram apostados em fazer o seu trabalho, denotando preparação prévia para o que julgavam dever tratar-se : uma entrevista.
Em vez disso, porém, foram contemplados com extensos monólogos do PM, quase sempre desligados das perguntas formuladas.
José Sócrates esteve sempre em Propaganda frenética, debitando a sua cassete predilecta : o País ia bem, mas o PSD destruiu esse caminho de recuperação em curso; toda a crise nacional resulta da internacional, agravada pela oposição anti-patriótica do PSD.
E daqui não sai.
Quanto tempo teremos ainda de aturar esta demência governativa ?
Quosque tandem... ?
AV_Lisboa, 04 de Abril de 2011